sábado, 26 de junho de 2010

Flores vivas

- Um dia eu vou te mandar flores também. Mas não como essas, mortas. Vou te dar flores vivas. Elas se parecem mais com a gente.
- Como assim?
- Veja o buquê que ele deu pra ela: flores vermelhas, bonitas, chamativas. Elas estão ali para impressionar quem olha de fora. São lindas mas, em pouco tempo, vão murchar e morrer e nada mais restará delas além da lembrança do que foi lindo um dia. Agora, se eu te der uma flor num vaso, ela será igualmente linda, embora não tão espalhafatosa , precisará de alguns cuidados, porém durará muito mais tempo.
- Como a gente amor?
- Como a gente.
- Acho que vou te dar um jardim inteiro.


terça-feira, 22 de junho de 2010

Gosto do gosto

Comecei a associar pessoas a gostos.

Há aquelas de gosto tão único, fantástico e saboroso, que, uma vez que se prove, sabe-se que vai se amar pelo resto da vida.

Há aquelas que nos deixam um amargo na boca, que se propaga pela língua e garganta, e que demora a ir, ou nunca se vai, de fato.

Existem aquelas tão insossas, que são incapazes de provocar qualquer coisa: nem gosto, nem nada.

Há também algumas das quais provamos apenas um pedaço mínimo, que não nos satisfaz e nos dão o famoso gosto de quero mais, o gosto da pontinha do iceberg, o gosto do que está por vir, o gosto do que pode chegar a ser.

Há aquele gosto que não chegamos a sentir, mas admiramos de longe, e imaginamos como seria. E nos contentamos com isso.

Há ainda o gosto ruim e incomôdo do que poderia ter sido e acabou não sendo. Este é um gosto confuso, áspero, que seca a garganta, enche os pensamentos e, por vezes, molha os olhos.

Há aquele gosto de que todos gostam mas nos atinge ou convém. Há aquele que ninguém gosta, com execeção de nós mesmos. É tudo questão de gosto. Mesmo.

E existe, claro, o gosto doce do amor. Doce perfeito, satisfatório. Que ao invés de enjoar, vicia. Ele, facilmente, pode se tornar qualquer um dos gostos anteriores. Mas, enquanto ele é apenas doce, nada (ou ninguém, nesse caso) pode se comparar ao sabor.


Como já dizia Caio Fernando de Abreu...
"Que seja doce!"
 

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